quinta-feira, 6 de março de 2014

Chapeuzinho Vermelho - contação de história com fantoche






Contação de história


Contos Tradicionais
São historias que foram transmitidas oralmente ao longo das gerações, sem que se saiba ao certo quem as criou. Muitos deles ficaram conhecidos no mundo todo graças às versões escritas pelos Irmãos Grimm e por Hans Christian Andersen, entre outros.

CHAPEUZINHO VERMELHO
Irmãos Grimm

Era uma vez, numa pequena cidade às margens da floresta, uma menina de olhos negros e louros cabelos cacheados, tão graciosos quanto valiosa.
Um dia, com um retalho de tecido vermelho, sua mãe costurou para ela uma curta capa com capuz; ficou uma belezinha, combinando muito bem com os cabelos louros e os olhos negros da menina.
Daquele dia em diante, a menina não quis mais vestir outra roupa senão aquela e, com o tempo, os moradores da vila passaram a chamá-la de “Chapeuzinho Vermelho.”
Além da mãe, Chapeuzinho Vermelho só tinha uma avó bem velhinha, que nem conseguia mais sair de casa. Morava numa casinha no interior da mata.
De vez em quando ia lá visitá-la com sua mãe, e sempre levavam alguns mantimentos.
Um dia, a mãe da menina preparou algumas broas das quais a avó gostava muito, mas, quando acabou de assar os quitutes, estava  tão cansada que não tinha mais ânimo para andar pela floresta e levá-las para a velhinha.
Então, chamou a filha:
-  Chapeuzinho Vermelho, vá levar estas broinhas para a vovó.  Ela gostará muito. Disseram-me que há alguns dias ela não passa bem e, com certeza, não tem vontade de cozinhar.
- Vou agora mesmo mamãe.
-  Tome cuidado, não pare para conversar com ninguém e vá direitinho, sem desviar do caminho certo. Há muitos perigos na floresta!
- Tomarei cuidada, mamãe, não se preocupe.
A mão arrumou as broas em um cesto e colocou também um pote de geléia e um tablete de manteiga. A vovó gostava de comer as broinhas com manteiga fresquinha e geléia.
Chapeuzinho Vermelho pegou o cesto e foi embora. A mata era cerrada e escura. No meio das árvores somente se ouvia o chilrear de alguns pássaros e, ao longe, o ruído dos machados dos lenhadores.
A menina ia por uma trilha quando, de repente, apareceu-lhe na frente um lobo enorme, de pelo escuro e olhos brilhantes.
Olhando para aquela linda menina, o lobo pensou que ela devia ser macia e saborosa. Queria mesmo devorá-la num bocado só. Mas não teve coragem, temendo os cortadores de lenha que poderiam ouvir os gritos da vítima. Por isso, decidiu usar a astúcia.
- Bom dia, linda menina! - disse com voz doce.
- Bom dia!- respondeu Chapeuzinho Vermelho.
- Qual é seu nome?
- Chapeuzinho Vermelho.
- Um nome bem certinho pra você. Mas diga-me, Chapeuzinho Vermelho, onde está indo assim tão só?
- Vou visitar minha avó, que não está muito bem de saúde.
- Muito bem! E onde mora sua avó?
- Mais além, no interior da mata.
- Explique melhor, Chapeuzinho Vermelho.
- Numa casinha com as venezianas verdes, logo após o velho engenho de açúcar.
O lobo teve uma idéia e propôs:
-  Gostaria de ir também visitar a sua avó doente. Vamos fazer uma aposta, para ver quem chega primeiro. Eu irei por aquele atalho lá abaixo, e você poderá seguir por este.
Chapeuzinho Vermelho aceitou a proposta.
- Um,dois,três e já! – gritou o lobo.
Conhecendo a floresta tão bem quanto seu nariz, o seu lobo escolhera para ele o trajeto mais breve, e não demorou muito para alcançar a casinha da vovó.
Bateu à porta o mais delicadamente possível, com suas enormes patas.
- Quem é? – perguntou a avó.
O lobo fez uma vozinha doce, doce, para responder:
- Sou eu, sua netinha, vovó. Trago broas feitas em casa, um vidro de geléia e manteiga fresca.
A boa velhinha, que ainda estava deitada, respondeu:
- Puxe a tranca e a porta se abrirá.
O lobo entrou, chegou ao meio do quarto com um só pulo e devorou a pobre avozinha antes que ela pudesse gritar.
Em seguida, fechou a porta, enfiou-se embaixo das cobertas e ficou à espera de Chapeuzinho Vermelho.
A essa altura, Chapeuzinho Vermelho já tinha esquecido do lobo e da aposta sobre quem chegaria primeiro. Ia andando devagar pelo atalho, parando aqui e acolá: ora era atraída por uma árvore carregada de pitangas, ora ficava observando o vôo de uma borboleta, ou ainda um ágil esquilo. Parou um pouco para colher um maço de flores do campo, encantou-se a observar uma procissão de formigas e correu atrás de uma joaninha.
Finalmente, chegou à casa da vovó e bateu de leve na porta.
- Quem está aí? - perguntou o lobo, esquecendo de disfarçar a voz.
Chapeuzinho se espantou um pouco ao ouvir a voz rouca de sua avó, mas pensou que fosse porque ela ainda estava gripada.
Chapeuzinho Vermelho, sua netinha. Estou trazendo broinhas, um pote de geléia e manteiga bem fresquinha!
Mas aí o lobo se lembrou de afinar a voz cavernosa antes de responder:
- Puxe o trinco e a porta se abrirá.
Chapeuzinho Vermelho puxou o trinco e abriu a porta. O lobo estava escondido, embaixo das cobertas, só deixando aparecer à touca que a vovó usava para dormir.
- Coloque as broinhas, a geléia e a manteiga no guarda-comida, minha querida netinha, e venha aqui, até a minha cama. Tenho muito frio, e você me ajudará a me aquecer um pouquinho.
Chapeuzinho obedeceu e se enfiou embaixo das cobertas. Mas estranhou o aspecto da avó. Antes de tudo, estava muito peluda! Seria efeito da doença? E foi reparando:
- Oh, vovozinha, que braços longos você tem!
- São para abraçá-la melhor, minha querida!
- Oh, vovozinha, que olhos grandes você tem!
- São para enxergar também no escuro, minha menina!
­- Oh, vovozinha, que orelhas compridas você tem!
- São para ouvir tudo, queridinha!
­- Oh, vovozinha, que boca enorme você tem!
- É para engolir você melhor!!!
Assim dizendo, o lobo mau deu um pulo e, num movimento só, comeu a pobre Chapeuzinho Vermelho.
- Agora estou realmente satisfeito! – resmungou o lobo. Estou até com vontade de tirar uma soneca, antes de retomar meu caminho.
Voltou a se enfiar embaixo das cobertas, bem quentinho. Fechou os olhos e caiu no sono. Depois de alguns minutos já roncava, e como roncava! Uma britadeira teria feito menos barulho.
Algumas horas mais tarde, um caçador passou em frente à casa da vovó, ouviu o barulho e pensou: “Olha só como a velhinha ronca! Estará passando mal? Vou dar uma espiada.”
Abriu a porta, chegou perto da cama e...  Quem ele viu? O lobo que dormia como uma pedra, com uma enorme barriga, parecendo um grande balão.
O caçador ficou bem satisfeito. Há muito tempo estava procurando esse lobo, que já matara muitas ovelhas e cordeirinhos.
- Afinal você está aqui, velho malandro! Sua carreira terminou. Já vai ver!
Enfiou os cartuchos na espingarda e estava pronto para atirar, mas então lhe pareceu que a barriga do lobo estava se mexendo e pensou: “Aposto que este danado comeu a vovó, sem nem ter o trabalho de mastigá-la! Se foi isso, talvez eu ainda possa salvá-la!”
Guardou a espingarda, pegou a tesoura e, bem devagar, bem de leve, começou a cortar a barriga do lobo ainda adormecido.
Na primeira tesourada, apareceu um pedaço de pano vermelho; na segunda, uma cabecinha loura; na terceira, Chapeuzinho Vermelho pulou fora.
- Obrigada senhor caçador, agradeço muito por ter me libertado. Estava tão apertada, lá dentro é tão escuro... Faça outro pequeno corte, por favor, assim poderá libertar a minha avó, que o lobo comeu antes de mim.
O caçador recomeçou seu trabalho com a tesoura, e da barriga do lobo saiu também a vovó, um pouco estonteada, meio sufocada, mas viva.
- E agora? – perguntou o caçador. – Temos de castigar esse bicho como ele merece!
Chapeuzinho Vermelho foi correndo até a beira do córrego e apanhou uma grande quantidade de pedras redondas e lisas. Entregou-as ao caçador, que arrumou tudo bem direitinho dentro da barriga do lobo, antes de costurar os cortes que havia feito.
Em seguida, os três saíram da casa, esconderam-se entre as árvores e aguardaram.
Mais tarde, o lobo acordou com um peso estranho no estômago. Teria sido indigesta a vovó? Pulou da cama e foi beber água no córrego, mas as pedras pesavam tanto que, quando se abaixou, ele caiu na água e ficou preso no fundo do córrego.
O caçador foi embora contente e a vovó comeu com gosto as broinhas.
E Chapeuzinho Vermelho prometeu a si mesma nunca mais esquecer as conselhos da  mamãe: “Não pare para conversar com ninguém e vá em frente pelo seu caminho.”


sábado, 26 de outubro de 2013

A arte de contar histórias

                                                           " O MACACO E A VELHA"