Era uma vez...
terça-feira, 1 de abril de 2014
quinta-feira, 6 de março de 2014
Contação de história
Contos
Tradicionais
São historias que
foram transmitidas oralmente ao longo das gerações, sem que se saiba ao certo
quem as criou. Muitos deles ficaram conhecidos no mundo todo graças às versões
escritas pelos Irmãos Grimm e por Hans Christian Andersen, entre outros.
CHAPEUZINHO
VERMELHO
Irmãos Grimm
Era uma vez, numa
pequena cidade às margens da floresta, uma menina de olhos negros e louros
cabelos cacheados, tão graciosos quanto valiosa.
Um dia, com um
retalho de tecido vermelho, sua mãe costurou para ela uma curta capa com capuz;
ficou uma belezinha, combinando muito bem com os cabelos louros e os olhos
negros da menina.
Daquele dia em
diante, a menina não quis mais vestir outra roupa senão aquela e, com o tempo,
os moradores da vila passaram a chamá-la de “Chapeuzinho Vermelho.”
Além da mãe,
Chapeuzinho Vermelho só tinha uma avó bem velhinha, que nem conseguia mais sair
de casa. Morava numa casinha no interior da mata.
De vez em quando ia
lá visitá-la com sua mãe, e sempre levavam alguns mantimentos.
Um dia, a mãe da
menina preparou algumas broas das quais a avó gostava muito, mas, quando acabou
de assar os quitutes, estava tão cansada
que não tinha mais ânimo para andar pela floresta e levá-las para a velhinha.
Então, chamou a
filha:
- Chapeuzinho Vermelho, vá levar estas broinhas para
a vovó. Ela gostará muito. Disseram-me
que há alguns dias ela não passa bem e, com certeza, não tem vontade de
cozinhar.
- Vou agora mesmo
mamãe.
- Tome cuidado, não pare para conversar com
ninguém e vá direitinho, sem desviar do caminho certo. Há muitos perigos na
floresta!
- Tomarei cuidada,
mamãe, não se preocupe.
A mão arrumou as
broas em um cesto e colocou também um pote de geléia e um tablete de manteiga.
A vovó gostava de comer as broinhas com manteiga fresquinha e geléia.
Chapeuzinho Vermelho pegou o cesto e
foi embora. A mata era cerrada e escura. No meio das árvores somente se ouvia o
chilrear de alguns pássaros e, ao longe, o ruído dos machados dos lenhadores.
A menina ia por uma
trilha quando, de repente, apareceu-lhe na frente um lobo enorme, de pelo
escuro e olhos brilhantes.
Olhando para aquela
linda menina, o lobo pensou que ela devia ser macia e saborosa. Queria mesmo
devorá-la num bocado só. Mas não teve coragem, temendo os cortadores de lenha
que poderiam ouvir os gritos da vítima. Por isso, decidiu usar a astúcia.
- Bom dia, linda
menina! - disse com voz doce.
- Bom dia!-
respondeu Chapeuzinho
Vermelho.
- Qual é seu nome?
- Chapeuzinho
Vermelho.
- Um nome bem
certinho pra você. Mas diga-me, Chapeuzinho Vermelho, onde está indo assim tão só?
- Vou visitar minha
avó, que não está muito bem de saúde.
- Muito bem! E onde
mora sua avó?
- Mais além, no
interior da mata.
- Explique melhor, Chapeuzinho
Vermelho.
- Numa casinha com
as venezianas verdes, logo após o velho engenho de açúcar.
O lobo teve uma
idéia e propôs:
- Gostaria de ir também visitar a sua avó
doente. Vamos fazer uma aposta, para ver quem chega primeiro. Eu irei por
aquele atalho lá abaixo, e você poderá seguir por este.
Chapeuzinho
Vermelho aceitou a proposta.
- Um,dois,três e
já! – gritou o lobo.
Conhecendo a
floresta tão bem quanto seu nariz, o seu lobo escolhera para ele o trajeto mais
breve, e não demorou muito para alcançar a casinha da vovó.
Bateu à porta o
mais delicadamente possível, com suas enormes patas.
- Quem é? –
perguntou a avó.
O lobo fez uma
vozinha doce, doce, para responder:
- Sou eu, sua
netinha, vovó. Trago broas feitas em casa, um vidro de geléia e manteiga
fresca.
A boa velhinha, que
ainda estava deitada, respondeu:
- Puxe a tranca e a
porta se abrirá.
O lobo entrou,
chegou ao meio do quarto com um só pulo e devorou a pobre avozinha antes que
ela pudesse gritar.
Em seguida, fechou
a porta, enfiou-se embaixo das cobertas e ficou à espera de Chapeuzinho
Vermelho.
A essa altura, Chapeuzinho
Vermelho já tinha esquecido do lobo e da aposta sobre quem chegaria
primeiro. Ia andando devagar pelo atalho, parando aqui e acolá: ora era atraída
por uma árvore carregada de pitangas, ora ficava observando o vôo de uma
borboleta, ou ainda um ágil esquilo. Parou um pouco para colher um maço de
flores do campo, encantou-se a observar uma procissão de formigas e correu
atrás de uma joaninha.
Finalmente, chegou
à casa da vovó e bateu de leve na porta.
- Quem está aí? -
perguntou o lobo, esquecendo de disfarçar a voz.
Chapeuzinho se espantou um pouco ao ouvir
a voz rouca de sua avó, mas pensou que fosse porque ela ainda estava gripada.
-É Chapeuzinho
Vermelho, sua netinha. Estou trazendo broinhas, um pote de geléia e
manteiga bem fresquinha!
Mas aí o lobo se
lembrou de afinar a voz cavernosa antes de responder:
- Puxe o trinco e a
porta se abrirá.
Chapeuzinho Vermelho puxou o trinco e
abriu a porta. O lobo estava escondido, embaixo das cobertas, só deixando
aparecer à touca que a vovó usava para dormir.
- Coloque as
broinhas, a geléia e a manteiga no guarda-comida, minha querida netinha, e
venha aqui, até a minha cama. Tenho muito frio, e você me ajudará a me aquecer
um pouquinho.
Chapeuzinho obedeceu e se enfiou embaixo
das cobertas. Mas estranhou o aspecto da avó. Antes de tudo, estava muito
peluda! Seria efeito da doença? E foi reparando:
- Oh, vovozinha,
que braços longos você tem!
- São para
abraçá-la melhor, minha querida!
- Oh, vovozinha,
que olhos grandes você tem!
- São para enxergar
também no escuro, minha menina!
- Oh, vovozinha,
que orelhas compridas você tem!
- São para ouvir
tudo, queridinha!
- Oh, vovozinha,
que boca enorme você tem!
- É para engolir
você melhor!!!
Assim dizendo, o
lobo mau deu um pulo e, num movimento só, comeu a pobre Chapeuzinho Vermelho.
- Agora estou
realmente satisfeito! – resmungou o lobo. Estou até com vontade de tirar uma
soneca, antes de retomar meu caminho.
Voltou a se enfiar
embaixo das cobertas, bem quentinho. Fechou os olhos e caiu no sono. Depois de
alguns minutos já roncava, e como roncava! Uma britadeira teria feito menos
barulho.
Algumas horas mais
tarde, um caçador passou em frente à casa da vovó, ouviu o barulho e pensou:
“Olha só como a velhinha ronca! Estará passando mal? Vou dar uma espiada.”
Abriu a porta,
chegou perto da cama e... Quem ele viu?
O lobo que dormia como uma pedra, com uma enorme barriga, parecendo um grande
balão.
O caçador ficou bem
satisfeito. Há muito tempo estava procurando esse lobo, que já matara muitas
ovelhas e cordeirinhos.
- Afinal você está
aqui, velho malandro! Sua carreira terminou. Já vai ver!
Enfiou os cartuchos
na espingarda e estava pronto para atirar, mas então lhe pareceu que a barriga
do lobo estava se mexendo e pensou: “Aposto que este danado comeu a vovó, sem nem
ter o trabalho de mastigá-la! Se foi isso, talvez eu ainda possa salvá-la!”
Guardou a
espingarda, pegou a tesoura e, bem devagar, bem de leve, começou a cortar a
barriga do lobo ainda adormecido.
Na primeira
tesourada, apareceu um pedaço de pano vermelho; na segunda, uma cabecinha
loura; na terceira, Chapeuzinho Vermelho pulou fora.
- Obrigada senhor
caçador, agradeço muito por ter me libertado. Estava tão apertada, lá dentro é
tão escuro... Faça outro pequeno corte, por favor, assim poderá libertar a minha
avó, que o lobo comeu antes de mim.
O caçador recomeçou
seu trabalho com a tesoura, e da barriga do lobo saiu também a vovó, um pouco
estonteada, meio sufocada, mas viva.
- E agora? –
perguntou o caçador. – Temos de castigar esse bicho como ele merece!
Chapeuzinho Vermelho foi correndo até a
beira do córrego e apanhou uma grande quantidade de pedras redondas e lisas.
Entregou-as ao caçador, que arrumou tudo bem direitinho dentro da barriga do
lobo, antes de costurar os cortes que havia feito.
Em seguida, os três
saíram da casa, esconderam-se entre as árvores e aguardaram.
Mais tarde, o lobo
acordou com um peso estranho no estômago. Teria sido indigesta a vovó? Pulou da
cama e foi beber água no córrego, mas as pedras pesavam tanto que, quando se abaixou,
ele caiu na água e ficou preso no fundo do córrego.
O caçador foi
embora contente e a vovó comeu com gosto as broinhas.
E Chapeuzinho
Vermelho prometeu a si mesma nunca mais esquecer as conselhos da mamãe: “Não pare para conversar com ninguém e
vá em frente pelo seu caminho.”
sábado, 26 de outubro de 2013
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