Dona Baratinha
Era uma vez uma Baratinha que adorava arrumar sua
casinha.
Todos os dias varria e limpava.
E quando tudo estava limpinho,
satisfeita ela ficava.
Mas certa vez,ao varrer o chão,
Dona Baratinha achou um tostão.
Ficou tão alegre que não se
conteve.
Arrumou-se todinha e foi fazer
umas comprinhas.
Com o tostão que achou, Dona
Baratinha não economizou.
Comprou tudo que achava
necessário. Móveis, cortinas, geladeira, fogão e televisão.
Comprou também sapatos e
vestidos de algodão.Jóias e laços de fita.Queria ficar bonita.
Comprou muitos doces também,
afinal, é uma barata e barata que se preze adora uns docinhos.
O troco ela guardou num
cantinho especial, uma caixinha forrada de cetim que ganhou no último Natal.
Toda arrumada e sorridente,
Dona Baratinha resolveu arrumar um pretendente.
Agora que possuía dote, queria
se casar. Então foi para a janela e começou a cantar:
"Quem quer casar com a
dona Baratinha, que tem fita no cabelo
E tem dinheiro na
caixinha?"
Foi quando passou pela rua um
boi todo animado.
_ Eu quero – o boi mugiu.
E ela com voz delicada pediu:
_ Senhor boi, quero saber o som
que o senhor faz?
O boi educadamente encheu o
peito e respondeu:
_ Múuuuuuuuuuuuuuu
Dona Baratinha correu lá pra
dentro assustada.
Deu um suspiro e retornou à
janela decepcionada.
_ Ah! – Dona Baratinha se
abanava toda afobada.
– Não posso me casar com o
senhor, seu mugido me assusta.
O boi foi embora, e ela fincou
os cotovelos na janela outra vez, esperando que passasse outro pretendente.
Não tardou e apareceu um
burrinho.
A Baratinha então cantou:
"Quem quer casar com a
dona Baratinha, que tem fita no cabelo.
E tem dinheiro na
caixinha?"
O burrinho parou diante da
janela e deu um zurro tão alto que estremeceu a casa.
_ Eu quero!
_Mas... o senhor zurra assim
sempre? – perguntou a dona Baratinha, trêmula do susto.
_ Às vezes consigo mais alto!
–respondeu o burrinho sorridente.
_Deus me livre de casar com
você, senhor burrinho. Não suportaria seu barulho.
O burro foi embora todo decepcionado.
Dona Baratinha se encostou
novamente na beirada da janela.Arrumava a fita na cabeça e dava longos
suspiros.
Foi então que passou um
cabrito, bonito e elegante.
Dona Baratinha pôr-se a cantar
no mesmo instante:
"Quem quer casar com a
dona Baratinha, que tem fita no cabelo.
_ Eu quero! – berrou o cabrito,
todo empolgado.
_ Então me diga senhor cabrito,
que barulhinho o senhor faz?
O cabrito encheu o peito e
berrou até não agüentar mais:
_ Bééééhhhhhhhhhh
_Ai! credo, senhor cabrito, que
barulheira– gritou dona Baratinha tampando as orelhinhas.
– Não dá pra casar com quem
berra desse jeito!
O cabrito, então, foi embora
cabisbaixo. Dona Baratinha ajeitou os cotovelos em cima de uma almofada macia, talvez
a demora fosse grande, assim ela previa.
Já um pouco desanimada, ainda
com os cotovelos na almofada, a baratinha avistou Dom Ratão se aproximar.Aqueceu
a Voz e começou a cantar:
“Mimimi... Quem quer casar com
a dona Baratinha, que tem fita no cabelo
Dom Ratão parou então, bem em
frente à sua janela.
_Como alguém pode não querer
casar com uma senhora tão bela?
Dona Baratinha ficou toda
animada.
_Então me responda Dom Ratão,
que barulhinho o senhor faz?
_ Ah! sou discreto, minha
senhora, faço só esse barulhinho: Mick, Mick, Mick.
_Que barulhinho mais fofo! Isso
sim é que é voz! Assim, não pode me assustar.
Dona Baratinha então aceitou o
pedido de casamento de Dom Ratão.
Ficaram noivos.
O casamento foi marcado para
dois dias depois. No dia do casamento foi preparada uma super festa.
O troco do tostão estava
rendendo... Uma comilança havia sido preparada.
Muitos doces como a baratinha
desejava, além do prato preferido do noivo: um caldeirão de feijoada.
O aroma das comidas invadia a
casa toda.
Porém era o cheirinho da
Feijoada o que mais se destacava.
Dom Ratão chegou à festa todo
arrumado de cartola e gravata. Muito elegante esperava que a noiva se
aprontasse, enquanto andava pela casa.
Alguns convidados haviam
chegado, Dona Besouro organizava todo o cerimonial. E o casamento aconteceria
ali mesmo na casa da Dona Baratinha, no meio do quintal.
Dom Ratão sentiu o aroma
delicioso do feijão, foi sorrateiro para a cozinha e não foi visto desde então.
Dona Baratinha desceu as
escadas, num lindo vestido branco. Segurando o seu buquê de flores.
A música começou a tocar e os
convidados todos abriam caminho para Dona Baratinha passar.
A caminho do altar, improvisado
no quintal a baratinha sorria feliz, casar era tudo que ela sempre quis.
A noiva chegou então, ao início
do tapete vermelho, todos olhavam em sua direção e assim começou uma grande
confusão.
_ Espera Dona Baratinha, você
ainda não pode entrar, pois o noivo não está no altar. -disse Dona Besouro.
_ Ah! que tormento, será que
ele desistiu do casamento? – falou a baratinha já bastante triste.
_ Calma minha gente, ele estava
lá na cozinha, verificando o que o cozinheiro fazia.
– Disse um dos convidados.
Dona Baratinha saiu apressada
segurando a barra do vestido com cuidado para não ficar amarrotada. Dona
Besouro a seguiu.
Chegando na cozinha Dona
Baratinha mal acreditou no que viu.
Dom Ratão com muita gula havia
caído na panela de feijão. Como estava muito quente ele acabou desmaiando.O
Cozinheiro Sr Macaco, segurando um grande garfo, pescou o rato queimado de
dentro do caldeirão.
Dom Ratão foi socorrido e
levado para o hospital. Com muita vergonha dos amigos ele acabou mudando para
outro local.
A Baratinha desconsolada ficou
sem casamento.
Dizem que daquele dia em diante
ela passou a ser ainda mais exigente, continuava na janela à procura de um
pretendente.
E para todo solteiro que
passava aquela mesma música a baratinha cantava:
"Quem quer casar com a
dona Baratinha, que tem fita no cabelo
E tem dinheiro na caixinha?
Adaptação de Christiane
Angelotti
Fonte: A origem da clássica
história da Dona Baratinha é incerta. O registro mais antigo é de 1872,
intitulado "Histórias da Carochinha", manuscrito que se encontra na
Torre do Tombo, em Lisboa. Era uma crítica às mulheres solteironas que
procuravam conquistar seus pretendentes com suas fortunas. Falando
principalmente de amor, o conto aborda também outros temas, como a solidão, a
partilha, o respeito pela personalidade de cada um, contestando também o
verdadeiro valor do dinheiro e do amor. (viahttp://www.teresopolisjornal.com.br)
ADOREI!!!
ResponderExcluirADOREI!!!
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